quarta-feira, 25 de junho de 2008

Boxeur

[continuação]

A praia da mais do que provável última morada é o abandono em pessoa. Tem um sítio estreito para dormir ao qual não nos atrevemos a chamar quarto. Nesse espaço cabe meia cama de solteiro, que ele ocupa com uma chaise long, e de tão estreita ser, a parede deu quase a totalidade do corpo a uma janela em forma de porta. A sala é sala e cozinha ao mesmo tempo. Com o avançar dos dias vai ser sala, cozinha e quarto. Lá mais para a frente vai ser tudo. Vai ser o mundo inteiro de um homem, até ele se apercerber que afinal, tudo, pode ser nada.A porta da frente dá para a rua, se quisermos chamar rua a um caminho de terra com marcas de rodado nos limites laterais e erva densa pelo meio. A estrada principal mais próxima fica a 50 minutos a pé bem contados. A porta de trás abre a casa à areia da praia e deixa o mar, recortado, em fundo.Toda a comida dispensa frigorífico. Três postas de bacalhau, o resto de uma garrafa de azeite, uma de vinagre. Um quilo de batatas, quatro cebolas e outros tantos alhos. Sal. Uma lata de feijão vermelho cozido, pacotes de batata frita. Sete garrafas de vinho e duas de whisky. Três broas de milho.

[continua]

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