quarta-feira, 7 de maio de 2008

My Blueberry Night

A baixa da cidade rejuvenesceu primeiro e embriagou-se logo a seguir. Fecharam ruas, cresceram carros noutras, e nas encerradas, houve a cor dos cursos e canções imberbes. Os livros ficaram em casa, não fazem falta, porque afinal, durante esta tarde, não se aprende nada. É assim em todo e qualquer cortejo dos estudantes.
À noite, no lado oriental da cidade, temos paz. E porque sobra espaço sem pessoas, um homem e uma mulher vão para lá esconder o pecado, o amor, a paixão, o sexo só deles como mais ninguém tem, o que queiras, como queiras.
A sala onde vai ser projectado o filme é quase e só deles. Chegam lá com um sorriso. No caminho cruzaram-se com grupos curtos e dispersos de estudantes. Conversaram:
ela - como eu queira poder voltar ao tempo da faculdade...
ele - que curso é que tiravas desta vez?
ela - não sei... tirava o que me fizesse ganhar dinheiro!
ele - então tiravas as cuecas!

Ainda sorriam quando compravam os bilhetes para ver MyBlueBerryNights. O filme é um bom disco. Tem boas músicas e uma música excelente, a deles: The Greatest, de Cat Power. De resto o filme é uma história mediana, escrita de forma sofrível, editado de forma previsível, arrastado. O filme é um bom disco com actores talentosos. Ponto.
Na sala onde o viram, há um pecado capital chamado intervalo. Aguardaram em silêncio pelo recomeço. No fim decidiram fazer uma pausa no amor. Foi cada um à sua vida. Ele levava lágrimas, não de dor, mas de compreensão. Ela saiu no papel da mais confusa das mulheres.

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